Texto Base: Romanos
1:16 e 17 (NAA)
16 Pois não me envergonho do evangelho,
porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu
e também do grego.
17 Porque a justiça de Deus se revela no
evangelho, de fé em fé, como está escrito: “O justo viverá por fé.”
Você tem vergonha de alguma
coisa?
Você teria alguma honra ou
se gloriaria em algo que fizesse para Deus?
Introdução
Ao lermos estes dois
versículos, encontramos aqui uma síntese do que é o evangelho que traz a salvação
e a libertação, estas palavras são o tema desta carta do apóstolo Paulo
aos Romanos. O contexto histórico em que ele escreve esta epístola data provavelmente
na primavera de 57 ou 58 d.C. próximo do fim da sua terceira viagem missionária
ele estava na cidade de Corinto.
A carta de Romanos é
descrita por muitos teólogos como um evangelho é a mais longa, mais teológica e
mais influente escrita por Paulo. De modo contrário à tradição católica romana,
a igreja de Roma não foi fundada por Pedro, nem por qualquer outro apóstolo.
Ela provavelmente foi iniciada por convertidos de Paulo provenientes da
Macedônia e da Ásia, bem como pelos judeus e aqueles que se haviam se
convertido ao judaísmo e foram alcançados pelos ensinos de Jesus Cristo no dia
de Pentecoste.
Paulo escreveu a igreja de
Roma em primeiro lugar por querer que seus membros compreendessem o evangelho;
depois, para que o vivenciassem – a fim de que conhecessem sua gloriosa
libertação.
Evangelizar
os que já estavam convertidos?
Pode soar estranho esta
pergunta, mas Paulo escreve aos Cristãos de Roma falando a eles do evangelho. Quando
nos deparamos com a verdade do evangelho mais precisamos que ele entre em nós e
mude nossas vidas. Viveremos com Cristo, morreremos com Ele ou seremos
arrebatados para junto dEle, mas não podemos prescindir do que o evangelho
é para nós, aqueles que um dia decidiram aceitá-Lo como Senhor e
Salvador de suas vidas.
Quando Paulo diz que não se
envergonha do evangelho é por que na verdade ele usa uma figura de linguagem (litotes
– afirmação pela negação do contrário). Ele quer dizer é que “se gloria no Evangelho e considera alta
honra proclamá-lo.”
Mas aqui fica a pergunta: você tem vergonha de anunciar, proclamar ou
falar do evangelho? Você tem vergonha de se mostrar como um cristão?
Muitas lutas e guerras são
travadas em nossa mente e coração, mas ao nos depararmos com
outras histórias de como Deus fala através das escrituras conseguiremos
entender que quanto mais conhecemos do Evangelho do nosso Senhor e Salvador
Jesus Cristo, mais precisamos dele. O mundo precisa de Cristo!
Lutero
e Calvino Impactados pela verdade do Evangelho
Martinho Lutero foi um monge
alemão a quem ensinaram que, para ser salvo, Deus exigia dele uma vida reta. E
assim ele cresceu odiando a Deus, primeiro por exigir o que ele não podia dar,
depois por entregá-lo ao fracasso. Até que Lutero leu e enfim captou o sentido
de Romanos 1.17: “... no evangelho é revelada ajustiça [retidão] de Deus, uma
justiça que do princípio ao fim é pela fé...” (NVI).
Labutei
diligente e ansiosamente para compreender a palavra de Paulo [...] a expressão “a
justiça de Deus” atravancava o caminho, pois eu a interpretava com o sentido
daquela justiça por meio da qual Deus é justo e age justamente ao punir o
injusto. Apesar de ser um monge impecável, eu me postava diante de Deus como
pecador [...] portanto, não amava um Deus justo e raivoso, antes o odiava e
contra ele murmurava [...]
Então
compreendi que a justiça de Deus é aquela pela qual, por graça e pura
misericórdia, ele nos justifica pela fé. Por isso senti que renasci e
atravessei as portas do paraíso [...]
Lancei-me em seu interior. Se antes odiava a expressão a justiça de Deus",
passei agora a considerá-la a mais cara e reconfortante notícia.
A descoberta revolucionária
de Lutero em Romanos 1 levaria ao restabelecimento do evangelho na Alemanha e
por toda a Europa e, depois, à Reforma protestante. Um dos maiores teólogos e
pastores da Reforma, o francês João Calvino, ministrando em Genebra, Suíça,
falou de Romanos como sua:
...
porta de entrada [...] para todos os tesouros mais escondidos das Escrituras
[...] Portanto, o tema desses capítulos pode ser assim enunciado: a única
justiça do homem é por meio da misericórdia de Deus em Cristo, a qual,
oferecida pelo evangelho, é apreendida pela fé.
De quem é o Evangelho?
Vale lembrar que o evangelho
não é de Paulo; não se originou com ele, e ele não reivindicou a autoridade
para criá-lo. Antes, é “... de Deus” (v. 1). Assim como Paulo, não temos a
liberdade de remodelá-lo para que soe mais atraente em nossos dias, nem para
domesticá-lo de modo a se tornar mais cômodo para nossa vida.
O conteúdo do evangelho é
“... seu Filho...” (v. 3). O evangelho é centrado em Jesus. Ele diz respeito a
uma pessoa, não a um conceito; é sobre ele, não nós.
Jamais compreenderemos o
evangelho enquanto não entendermos que não se trata fundamentalmente de uma
mensagem sobre nossa vida, nossos sonhos ou nossas esperanças. Ele fala sobre
todas essas coisas, e as transforma, mas só porque não é sobre nós. O evangelho
é uma proclamação sobre o Filho de Deus, o homem Jesus!
Em resumo: “O
Evangelho e destinado a nós mas não é sobre nós!”
Ficamos
envergonhados ou mesmo constrangidos por anunciar quem é Jesus?
Em todas as épocas, no
entanto, é possível sentir vergonha do evangelho (v. 16), em vez de ansiar por
compartilhá-lo. O termo traduzido como "envergonho de", nesse
versículo, também quer dizer "ofendo-me por". Como o evangelho é
ofensivo?
1.
O evangelho nos insulta de verdade ao dizer
que nossa salvação é gratuita e imerecida! Ele nos ensina que somos fracassos
espirituais tão grandes que o único modo de ganharmos a salvação é ela sendo um
dom completo. Isso ofende as pessoas morais e religiosas, que pensam
que sua decência lhes dá uma vantagem sobre gente menos moral.
2.
O evangelho também nos insulta ao nos dizer
que Jesus morreu por nós. Ele nos ensina que somos maus a ponto de só
a morte do Filho de Deus poder nos salvar. Isso ofende o culto moderno da
autoexpressão e a crença popular na inata correção moral da humanidade.
3.
O evangelho, ao nos dizer que tentar ser
moralmente correto e espiritual não basta, insiste em que ninguém que é “moral e
correto” será salvo, apenas os que vão a Deus por meio de Jesus. Isso ofende a
noção moderna de que qualquer pessoa do bem, em qualquer lugar, pode encontrar
a Deus “do seu próprio jeito”. Não gostamos de perder nossa AUTONOMIA.
4.
O evangelho nos ensina que Jesus obteve a
nossa salvação por meio de sofrimento e serviço (não por conquista e
destruição) e que segui-lo significa sofrer e servir com Ele. Isso
ofende as pessoas que desejam que a salvação seja uma vida fácil; ofende também
quem quer uma vida segura e confortável.
Por quê não devemos nos
envergonhar?
A mensagem do evangelho é o
que Deus fez e fará por nós. Paulo afirma que o
evangelho é, portanto, um poder. Não que ele traz ou tem poder, mas que
efetivamente é poder. A mensagem do evangelho é mesmo o poder de
Deus em forma verbal.
Ela ergue as pessoas; muda e
transforma as coisas. Quando delineada e explicada, ou quando se medita sobre
ela, o poder do evangelho é liberado.
O que seu poder faz? É o
poder de Deus “... para a salvação...” (v. 16). O poder do evangelho é visto em
sua capacidade de transformar por completo mentes, corações, orientação de
vida, nosso entendimento de tudo que acontece, o modo como as pessoas se
relacionam umas com as outras e assim por diante.
Acima de tudo, ele é
poderoso porque faz o que nenhum outro poder sobre a terra é capaz de fazer:
salvar-nos, reconciliar-nos com Deus e nos garantir um lugar no REINO DE DEUS
para sempre.
Algumas pessoas anseiam pelo
poder de Deus manifesto de forma sobrenatural, mas não tem consciência que tem
um poder disponível que é evangelho da salvação o qual podem anunciar!
Daí cabe uma pergunta: será
que quem tem poder se sente envergonhado?
Justiça
revelada
O que tem o evangelho que o
torna tão poderoso e lhe confere essa característica de remodelar a vida?
Porque – “pois” – “... a justiça de Deus se revela no evangelho...” (v. 17).
Ele é sobre o filho – mas aqui vemos o grande feito do evangelho, o fato de que
nele “... a justiça de Deus se revela...”.
Temos uma boa ideia do que é
essa “justiça” ao pensar no significado “retidão”, seu sinônimo. O que
significa ser “reto” ou “correto” com sua empresa, com o governo ou com outra
pessoa? Trata-se de uma palavra que tem a ideia de qual é o nível de
relacionamento com outra parte, significa que você tem uma posição de retidão
ou correção moral e não tem dívidas ou débitos para com outra pessoa ou
empresa. Você é aceitável para a outra parte porque seus registros não contêm
nada que prejudique a relação. A outra parte nada tem contra você.
“Justiça de Deus” pode
se-referir ao caráter reto de Deus. Ele é perfeito em correção moral e
santidade. Não há nele falta ou culpa. Mas Paulo fala aqui de uma justiça
proveniente de Deus. Essa é uma afirmação sem paralelo, como demonstra o verbo
“revelar” – ninguém jamais a conheceria, encontraria ou suporia, a menos que
Deus a revelasse pela sua palavra. A
posição reta (justa) é recebida de Deus, oferecida a nós por seu Filho.
“A fidelidade de Deus [em
relação a suas promessas, e na vida e morte de Jesus Cristo] sempre vem em
primeiro lugar, e a nossa fé não é outra coisa senão uma reação.” John
Stott
Não nos tornamos justos pela
fé e depois a mantemos por nossa própria correção moral!
As
características do evangelho:
a)
O evangelho destrói a vergonha este são os seus
efeitos –(16a)
b)
O evangelho é uma força viva, este é poder –
(16b)
c)
O evangelho pode salvar qualquer um, trata de
toda sua abrangência – (16c)
d)
O evangelho salva só aqueles que creem esta é
a sua condição – (16c)
e)
O evangelho veio para os judeus primeiro,
depois para os gentios isto é a história – (16d)
O
conteúdo do evangelho
a)
Deus revela seu perfeito recorte de justiça e
o oferece a nós – (17a)
b)
A justiça de Deus é recebida pela fé em
caráter permanente e exclusivo – (17b)
c)
Recebê-la resulta em um novo modo de vida –
(17c)
Conclusão
O evangelho sempre causará
ofensa por revelar que temos uma necessidade que não somos capazes de suprir.
Por isso, sempre seremos tentados a nos envergonhar dele.
Precisamos nos lembrar de
que ele é o poder de Deus; de que revela a justiça de Deus, e é o modo pelo
qual recebemos sua justiça. Isso é o que basicamente reverte nossa atitude em
relação ao compartilhamento do evangelho.
Que sejamos aqueles que
vivem o evangelho, comem o evangelho, vivenciam o evangelho e principalmente os
que anunciam o evangelho da Salvação!
Deus os abençoe!
Pr. Luis Santana
Bibliografia
usada:
·
Contem textos extraídos do livro Romanos 1-7 para você – Timothy Keller –
Edições Vida Nova.
·
Bíblia
de Estudo Pentecostal
·
Nova
Almeida Atualizada – Sociedade Biblica do Brasil
·
Romanos
- A bíblia é para hoje - John Stott – Editora Ultimato
·
Romanos
Introdução e Comentários - F. F. Bruce - Edições Vida Nova
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