'Luas de sangue' podem ser presságio do fim do mundo?
Fenômeno de eclipse lunar total, popularmente chamado de “lua de sangue”, poderá ser visto a partir da Terra por quatro vezes nos próximos meses; religiosos acreditam em “fim do mundo”
Um eclipse lunar poderá ser observado na madrugada desta terça-feira, a partir das 2h58 (horário de Brasília) em todos os países das Américas e parte da África. Os eclipses são fenômenos comuns e acontecem periodicamente. Mas este tem algo diferente.
Primeiro: não é apenas um, mas uma sequência de quatro eclipses.
Para o fundador da Igreja Cornerstone do Texas, John Hagee, a sequência de eclipses pode significar “o começo do fim do mundo”. Para o religioso, as “Quatro Luas de Sangue” são um presságio do Dia do Juízo Final, o retorno de Cristo à Terra. O fenômeno é citado em uma passagem bíblica do Livro de Joel, no Antigo Testamento, que diz: “O sol se converterá em trevas, e a lua em sangue, antes que venha o grande e terrível Dia do Senhor” (Joel 2:31).
A Igreja Cornestone está se organizando para a passagem da tétrade (como é chamada a sequência de quatro eclipses) há alguns anos e, entre os preparos, está o livro escrito por Hagee chamado “Blood Moons: Something is About to Change" (em tradução livre: Luas de sangue: Algo está prestes a mudar). O livro, de 2013, não tem edição no Brasil, e explicaria tais profecias.
O Eclipse lunar
De acordo com o pesquisador de Astrofísica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), André Milone, o eclipse da Lua acontece quando o satélite é coberto parcial ou completamente pela sombra da Terra, ao entrar numa faixa de sombra (em forma de cone) que se forma com a incidência do Sol na Terra. Dessa forma, o planeta fica entre o satélite e a estrela.
Durante o fenômeno astronômico, a Lua pode ficar quase completamente desaparecida ou chegar a uma forte cor avermelhada e brilhante.
Geralmente, os eclipses totais são seguidos por eclipses parciais – em meio também aos eclipses solares. Porém, nos próximos meses, vamos acompanhar a sequência de quatro eclipses totais da Lua, o que os astrônomos da Nasa chamam de “Tétrade”.
O ciclo de Tétrade começa em 15 de abril e terminará apenas em 28 de setembro do próximo ano.
A sequência de eclipses totais foi presenciada em outros momentos da História, entre eles: na Idade Média, em 1493, quando os judeus foram expulsos pela Inquisição Católica na Espanha; a segunda, em 1949, quando o Estado de Israel foi estabelecido na Palestina, e a terceira em 1967, durante a Guerra dos Seis Dias entre Árabes e Israelenses.
Por que vermelho?
Povos na China diziam que a Lua ficava ‘manchada de sangue’. Na verdade, a coloração vermelha pode acontecer no ponto máximo de qualquer eclipse lunar. "A atmosfera da Terra é muito fina (uma camada de 150 km), e quando a luz do sol passa por esta crosta, ela incide uma cor que mostra o quanto de sujeira há naquele momento”, explica o astrônomo e diretor do Observatório Astronômico do Departamento de Astronomia da UFRGS, Claudio Miguel de Bevilacqua.
Além da sujeira da atmosfera, outros fatores causam a cor avermelhada: a incidência dos raios solares é parcialmente absorvida na atmosfera, exceto a faixa de luz vermelha e, por último, a posição e distância entre o satélite e o planeta.
Segundo Bevilacqua, existe um índice chamado Danjon que calcula o grau de avermelhamento do eclipse. Ele vai de 0 (que seria um eclipse completamente negro) a 4 (com a presença da lua bastante avermelhada/alaranjada e brilhante).
Uma “Lua de sangue”, portanto, não é nada além da própria Lua durante o eclipse, quando pode assumir uma coloração avermelhada no ponto máximo (total) do fenômeno. A cor dependerá das condições da atmosfera terrestre: se tiver com mais nuvens, poeira vulcânica e areia, por exemplo, o eclipse apresentará uma cor mais avermelhada do que se tiver uma atmosfera mais limpa.
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